Friday, December 22, 2006

SUBSTITUIÇÃO APETITOSA?

O ser humano passa por diversas transformações durante a vida. Quando é jovem, cheio de energia e vitalidade, o sexo é tudo. Age como se, sem ele, a vida não tivesse o menor sentido. Que é preciso sexo para se sentir vivo. Depois, com o passar da idade, as fontes de prazer vão se diversificando. É um prazer assistir a um bom filme, peça de teatro, show musical, ler um livro, praticar esportes. Esta transformação é normal, não há nada de errado com ela.

O problema é quando o prazer do sexo é literalmente substituído pela comida. O escritor e cronista Ricardo Freire diz, de forma bem-humorada, que a comida é uma opção sexual como outra qualquer.

O fato é que esta é uma realidade cada vez mais presente nos dias de hoje: pessoas trocando o sexo pela comida. É a busca de boas sensações por meio da comida. O problema é que esta troca, para muita gente, passa a ser uma alternativa à falta de um relacionamento afetivo saudável. E, definitivamente, está longe de ser a melhor solução.

A vida moderna apresenta muitos desafios, como as questões financeiras, profissionais, de relacionamento, e o sexo acaba ficando em segundo plano. Às vezes, é preciso um esforço tremendo para continuar tendo uma vida sexual ativa.

Por isso, fique muito atento. Priorize sua vida sexual, suas relações afetivas. Namore, fique junto com sua parceira ou seu parceiro. Troque carícias. Não deixe acabar o erotismo do relacionamento.

Márcio D. Menezes, médico e presidente da Sociedade Brasileira de Medicina Sexual.

Thursday, December 14, 2006

SENSUALIDADE OU EROTIZAÇÃO?

Afinal, o que é preferível? Uma pessoa sensual ou erótica? Num primeiro momento, a linha que separa as duas definições pode parecer tênue e, às vezes, até se confunde. Mas não deveria. Uma colega diz que prefere a sensualidade à erotização e explica de forma categórica que neste segundo caso as pessoas ficam expostas como um pedaço de carne.

Nos últimos anos, temos visto uma certa banalização do sexo. Há pouco tempo a televisão mostrou uma matéria sobre os bailes funks no Rio de Janeiro, onde algumas mulheres iam sem calcinha, com o propósito de fazer sexo nos chamados trenzinhos, de forma inconseqüente e insegura. Uma brincadeira arriscada, que pode trazer sérios prejuízos físicos e emocionais aos participantes.

Segundo estimativas da Organização Mundial da Saúde (OMS), metade das gestações é indesejada e uma a cada nove mulheres recorre ao aborto. No Brasil, os cálculos mostram que o índice de abortamento é de 31%. Ou seja, ocorrem aproximadamente 1,4 milhão de abortos espontâneos e inseguros, com taxa de 3,7 para cada 100 mulheres. A gravidade da situação também se reflete no SUS. Só em 2004, 243.988 mulheres foram internadas para fazer curetagem pós-aborto.

A pesquisadora Celuy Damásio vê na banalização do sexo na mídia um possível elemento deformador da personalidade do adolescente. Ela aponta para o risco de a juventude desenvolver a sexualidade dissociada de conceitos como amor, carinho e afetividade.

Apelar para a erotização não é o melhor caminho. Quem faz isso corre o risco de se tornar vulgar, ou, como diz a minha colega, pode se transformar em um pedaço de carne na vitrine para quem quiser levar.

A sensualidade, por sua vez, não é algo explícito e nada tem a ver com beleza física ou idade. Muitas pessoas, mesmo não sendo enquadradas nos padrões de beleza da mídia, exalam sensualidade. A sensualidade é um estado de espírito.

Ela é mais positiva e faz parte do jogo de sedução entre os casais. Um olhar, um gesto, uma palavra, uma atitude de carinho, o modo de andar, de agir, valem mais do que uma cinta-liga, uma jaqueta de couro.

A sensualidade do olhar, o mais doce e penetrante, exprime o que é mais profundo. Toda pessoa tem seu encanto, sua sensualidade e pode e deve usá-la no jogo da sedução, para apimentar e melhorar a vida sexual.

Tuesday, December 12, 2006

CAMPANHAS CONTRA AIDS PRECISAM MELHORAR

A Aids é uma doença que assusta e que já vitimou milhões de pessoas em todo o mundo. O Brasil é considerado referência quando se fala na prevenção à doença. E isto é muito bom.

Em todo o mundo, uma mudança de comportamento está colocado as autoridades de saúde em estado de alerta. Nos EUA, por exemplo, nos primeiros anos após a identificação da doença, ela era encontrada predominantemente entre gays brancos, que foram considerados durante muito tempo o principal grupo de risco. De lá para cá, a doença se espalhou. Como ficou comprovado, a Aids não escolhe cor da pele, partido político, religião ou raça.

Os números da Aids na população norte-americana estão estabilizados. No entanto, percebem-se pelas estatísticas que os negros se transformam nas principais vítimas da doença naquele país. Hoje os negros correspondem a 13% da população, porém, o Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA estima que eles representarão 50% dos novos casos de HIV no país nos próximos anos. Os brancos respondem por 34% dos portadores e os hispânicos, 17%.

Alguns estudos mostram que muitos dos negros infectados, mesmo sabendo de todos os riscos, evitam procurar ajuda especializada com medo de serem estigmatizados, de serem segregados. Entre os principais medos estão a perda do emprego e dos amigos.

Por causa disso as campanhas para combater a Aids nos EUA estão mudando o foco. Elas não estão apenas ensinando formas de prevenção, como o uso da camisinha e o risco de compartilhar seringas. O objetivo é mostrar que pessoas infectadas podem e devem procurar ajuda e tratamento para garantir a qualidade de vida não só para o paciente, mas a família também.

Com medo das consequências que podem ocorrer ao assumir que são portadores do HIV, muitos optam pelo silêncio. Outros escondem da família e podem acabar transmitindo o vírus para esposas ou maridos. O silêncio não é o melhor caminho; é preciso buscar ajuda. As campanhas, também no Brasil, devem começar a discutir isso.

Monday, December 11, 2006

"NORMALIDADE" SEXUAL

Toda pessoa em idade adulta, em algum momento da vida, já deve ter se perguntado se tem uma vida sexual normal; se está dentro dos padrões do que se considera normalidade. Esta é uma preocupação comum entre as pessoas.

Recentemente, um leitor da coluna enviou um e-mail dizendo que se relacionava sexualmente com sua mulher três, quatro vezes ao dia, ou o quanto ela suportasse e, mesmo assim, não se sentia satisfeito, sempre queria mais e isso o deixava frustrado e insatisfeito.

Mas, afinal, o que é normalidade em se tratando de atividade sexual? Bom, na medicina o termo normal é sempre tratado de forma quantitativa. Por exemplo: uma gravidez de gêmeos ou trigêmeos não é normal, porém não é doença. Esse tipo de gravidez foge do padrão quantitativo de normalidade, mas não há nada de errado com isso. É saudável.

Outro exemplo. A psiquiatra Carmita Abdo coordenou uma pesquisa patrocinada por um laboratório americano sobre a sexualidade brasileira para o Projeto de Sexualidade do Hospital das Clínicas de São Paulo. Foram entrevistados três mil homens e mulheres com idade entre 17 e 70 anos, de todas classes sociais.

Descobriu-se que a média de relações do brasileiro é de três vezes por semana. Ou seja, um homem brasileiro com 60 anos, que tenha relações sexuais todos os dias, pode ser considerado não normal levando-se em conta os padrões estatísticos sobre a sexualidade. Porém ele não necessariamente será uma pessoa doente. Nem sempre o que não é normal não é saudável.

Se a pessoa faz sexo uma vez por semana ou uma vez por mês e se sente bem e satisfeita, não há qualquer problema. O critério é sempre íntimo e relativo. Podemos dizer que o que não é normal é o que causa transtorno, traz frustração e sofrimento patológico.

Além do critério estatístico, é importante ter um componente mórbido, que traz sofrimento e dor, seja física ou emocional. A qualidade e a freqüência da atividade sexual são consideradas sadias quando satisfazem quem dela participa.

Se não está havendo satisfação, aí sim, é o momento de ficar preocupado, de fazer questionamentos e buscar uma solução com acompanhamento especializado.

Friday, December 08, 2006

FOLHA DE LONDRINA - 08/12/06

Dias atrás eu recebi um e-mail de um adolescente de 19 anos que passava por uma crise familiar. Muito preocupado, disse que não estava conseguindo manter relações sexuais com a namorada. No início ele não se preocupou muito, porém o problema começou a se tornar constante.

Esta situação é quase um contra-senso com a imagem que muita gente tem dos adolescentes. A imagem de virilidade, de que os garotos estão sempre prontos e dispostos ao sexo já que dispõem da saúde da juventude.

Mas a verdade é que não é bem assim. A adolescência é um período extremamente conturbado na vida de uma pessoa. É a passagem da fase de ser criança, de brincar despreocupado, cheio de sonhos, para o mundo adulto e todo o peso que isso significa. Há muitas fragilidades neste período da vida.

E não há como fugir disso. Todos passam pela adolescência com mais ou menos atribulações emocionais. As relações são conflitantes, as pressões da vida adulta começam a se fazer presentes; é hora de tomar várias decisões importantes que vão influenciar a vida futura, como, para citar um exemplo, qual a melhor profissão seguir.

Isso gera estresse emocional que pode afetar o jovem de diversas maneiras. Entre elas as relações afetivas. O fato de não conseguir ter mais relações sexuais com a namorada pode ter várias razões. Nesta idade, na faixa de 17 a 25 anos, dificilmente o jovem tem algum problema orgânico que possa provocar uma falta de ereção. Uma das formas de descartar esta possibilidade é saber se as ereções durante o sono ou as matutinas, quando o jovem acorda de manhã, continuam acontecendo. Se estão ocorrendo normalmente é sinal de que o problema pode ser emocional.

Neste caso é preciso analisar se a relação com a namorada não está desgastada. Muitos jovens mantêm um relacionamento sexual com a namorada mesmo quando não tem mais interesse afetivo, o que pode provocar um estresse emocional.

Outros fatores situacionais podem estar dificultando a ereção, como o ambiente em que o casal está. Se o casal está ansioso isso também atrapalha o ato sexual. Mas de toda forma, o melhor caminho é procurar um profissional especializado.

Mito ou verdade?

Ao contrário do que se pensa, homens mais novos, na faixa de 17 a 25 anos, também podem ter disfunção erétil.

Márcio D. Menezes, médico e presidente da Sociedade Brasileira de Medicina Sexual.

Tuesday, December 05, 2006

SEDUÇÃO E FANTASIA

A fantasia faz parte da nossa vida sexual. Ela é muito mais comum do que se imagina e tem um papel de estimulador do desejo, das vontades da excitação. A psicoterapeuta sexual Kátia Horpaczky diz que fantasiar sobre sexo nada mais é do que um recurso natural para alcançar o prazer sexual combinando corpo, mente e sentimentos. Não se pode separar o corpo da mente, então pode-se dizer que toda fantasia sexual é considerada uma reação psicossomática.

A fantasia sexual tem vários objetivos, entre eles aumentar o prazer da atividade sexual; funcionar como substituto da experiência real (muitas vezes inacessível); induzir à excitação ou ao orgasmo; atuar como ''ensaio mental'' para experiências sexuais posteriores.

Homens e mulheres, voluntária ou involuntariamente, usam de artifícios para poder seduzir o parceiro. Entre os objetos usados pelas mulheres e que mais têm poder de sedução e provocam fantasias nos homens, podemos citar as lingeries, em especial, a calcinha.

Ninguém sabe ao certo quando a calcinha foi criada como peça de vestuário íntimo feminino, mas há registros de que no século 16, em Veneza, as prostitutas vestiam uma espécie de calção por baixo das enormes roupas da época, para provocar a libido dos mercadores.

Três séculos depois, na França, Josephine, companheira de Napoleão Bonaparte, passou a adotar roupas íntimas brancas e um pouco mais curtas. De lá para cá a evolução foi enorme e hoje podemos encontrar nas lojas especializadas uma infinidade de modelos para todos os gostos e bolsos.

Mas, independente do tamanho, do modelo ou da marca, a calcinha, além de peça de vestuário, é usada como objeto de sedução e tem um poder enorme na estimulação das fantasias masculinas.

É importante deixar claro que a fantasia sexual ajuda o casal a sair da rotina, dá um novo sabor à relação e isto é muito saudável.

Friday, December 01, 2006

LUTA CONTRA A AIDS

Primeiro de dezembro é considerado o Dia Mundial de Luta contra a Aids.

Assembléia Nacional de Saúde, da Organização das Nações Unidas, em outubro de 1987, e reforça a solidariedade, a tolerância e a compaixão entre os povos.

O fato é que a aids é uma doença que preocupa o mundo todo pela gravidade e devastação que causa. É uma doença que se manifesta após a infecção do organismo pelo vírus HIV do inglês Human Immunodeficiency Vírus. Também do inglês deriva a palavra Aids - Acquired Immune Deficiency Syndrome que em português significa Síndrome da Imunodeficiência adquirida.

O contágio acontece através da exposição do indivíduo a circunstâncias que podem causar dano a saúde. O sexo sem camisinha, o uso de seringas e agulhas não descartáveis são situações de risco.

No Brasil, segundo o Ministério da Saúde, já foram identificados cerca de 433 mil casos de aids. Este número refere-se a identificação do primeiro caso, em 1980, até junho de 2006. A taxa de incidência foi crescente até metade da década de 90, alcançando, em 1998, cerca de 19 casos de aids por 100 mil habitantes.

Os novos números da aids no Brasil apontam para uma queda acentuada nos casos de transmissão vertical, quando o HIV é passado da mãe para o filho, durante a gestação, o parto ou a amamentação. A redução foi de 51,5%, entre 1996 (1.091 casos) e 2005 (530 casos). Em 2006, de janeiro a junho, foram notificados 109 casos nessa categoria.Há, no entanto, uma nova tendência que começa a ser observada. É o crescimento da epidemia nas pessoas com 50 anos ou mais entre 1996 e 2005. Conforme dados do Ministério da Saúde, na faixa etária de 50-59 anos, a taxa de incidência entre os homens passou de 18,2 para 29,8; entre as mulheres, cresceu de 6,0 para 17,3. No mesmo período, há aumento da taxa de incidência entre indivíduos com mais de 60 anos. Nos homens, o índice passou de 5,9 para 8,8. Nas mulheres, cresceu de 1,7 para 4,6.

Esta mudança de comportamento se deve principalmente aos novos medicamos que surgiram para o combate a impotência e que garantem o prolongamento da atividade sexual. A mesma pesquisa mostra que quase 91% da população brasileira de 15 a 54 anos citou a relação sexual como forma de transmissão do HIV e 94% citou o uso de preservativo como forma de prevenção da infecção.

Apesar de saberem da necessidade do uso da camisinha, muitos homens e mulheres com mais de 50 anos ainda resistem a usar o preservativo. O que tem contribuído para o aumento da incidência da doença nesta faixa etária.

Mitos e verdades

O vírus da Aids não é transmitido através do beijo, toque, abraço, aperto de mão; compartilhamento de toalhas, talheres, pratos, suor e lágrimas
Ele pode ser transmitido através de relações sexuais desprotegidas – sem o uso de camisinha – anais, orais e vaginais; compartilhamento de seringas e agulhas contaminadas; transfusão de sangue infectado; de mãe para filho inclusive, pela amamentação