Monday, September 11, 2006

Coluna - Sexo e Comportamento - Folha de Londrina - 09/09/06

A guerra afeta a sexualidade?

A milhares de quilômetros da guerra no Iraque, a primeira reação é achar que essa violência, tão longe, não nos afeta no dia-a-dia, seja em relação a atividades como trabalhar, comer, dormir, aproveitar as horas de lazer, até mesmo relacionamentos de amizade e sexuais. Será? Especificamente em relação ao sexo podemos afirmar, com base em nossa atividade clínica, que todos somos afetados - uns mais, outros menos. A plena sexualidade depende de elevado grau de felicidade íntima de cada parceiro e é sabido que não se pode ser plenamente feliz em meio a notícias de atrocidades, prepotência e arrogância imperial, dando conta de um massacre contra a população de um outro país, já que esta não pode ser considerada uma guerra (que pressupõe uma luta entre iguais), mas apenas o exercício da lei do mais forte, sem o respaldo da comunidade internacional. Não posso ser feliz e, consequentemente, plenamente predisposto a dar meu amor ao próximo por vias sexuais de maneira intensa, pois meu organismo se recusa a atender minhas disposições a respeito, disse-me um paciente de 35 anos, que encarou pela primeira vez na vida problemas com ereção. É um caso isolado, sim. Mas problemas de impotência vêm ganhando terreno em nosso País com as crises e o aumento do desemprego, achatamento salarial e violência urbana, contribuindo para o fim de casamentos e provocando ansiedade e estresse. Realmente, sendo a relação sexual a mais intensa demonstração de amor, ela só pode ser ampla, geral e irrestrita à medida em que estejamos cercados de paz, sentimento de justiça e religiosidade. O tratamento clínico ajuda, mas não há medicação capaz de superar a capacidade de indignação diante das injustiças.
Fonte: www.folhadelondrina.com.br

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