Friday, June 15, 2007

PARADA GAY PODERIA SER MELHOR APROVEITADA

Em apenas 11 anos a Parada Gay, realizada na cidade de São Paulo, já se tornou a maior do mundo. Este ano, três milhões de pessoas participaram da festividade. Não houve confusão. Com muita música e diversão, foi uma das mais tranquilas dos últimos anos. O aspecto positivo é que parece que o preconceito contra os homossexuais está diminuindo. O evento reuniu muitas famílias e um grande número de pessoas heterossexuais que foram prestigiar, conhecer e apoiar a festa.

Os cadernos de economia deram manchetes mostrando que este é o segundo maior evento da capital paulista em termos de faturamento. A previsão era de que a Parada Gay movimentasse este ano perto de R$ 136 milhões. Somente a etapa brasileira de Fórmula 1 gera um faturamento maior: R$ 150 milhões.

O aspecto econômico é importante, porém me parece que o evento poderia ser melhor aproveitado se ele produzisse um amplo debate sobre a condição do homossexual no Brasil.

Mas o que percebemos é que, de uma forma geral, a imprensa deu menos espaço para o evento comparativamente aos anos anteriores. E isso não é bom. A mídia procura a novidade. E a Parada Gay já não é tão novidade assim. Talvez seja por isso que o espaço ocupado pelo evento nos jornais, emissoras de rádio e TVs foi reduzido. Mas é importante que se amplifiquem as discussões.

Nos últimos anos, percebemos que houve evolução no combate ao preconceito. Mas temos diversos temas que precisam de uma atenção especial, como é o caso do casamento entre homossexuais, adoção, políticas educativas, combate à violência e à homofobia.

A homofobia, por exemplo, ainda está enraizada em vários segmentos da sociedade. Segmentos que temem o diferente, não admitem a diversidade. É interessante que, por mais que os anos passem e que se desmistifiquem os conceitos, ainda há pessoas que tratam a homossexualidade como uma doença, como um pecado.

São esses motivos que nos levam a crer que a Parada Gay, além da festa em si, poderia ser usada para fomentar mais debates e discussões sobre políticas de saúde, de inclusão e principalmente educacionais. A educação ainda é o melhor caminho para reduzir o preconceito e para disseminar o respeito.

Fonte: Folha de Londrina – 15/06/07

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